A cortiça está a ser cada vez mais usada na construção e na reabilitação urbana. Luís Gil, engenheiro químico e especialista em tecnologia da cortiça – há mais de 30 anos que a investiga –, diz que há vários benefícios em usar este material. Uma tendência que “deve crescer nos próximos anos a nível nacional e internacional”, revela ao idealista/news.   A primeira vantagem da cortiça é ser, desde logo, um material natural e “isso é muito importante comparativamente a materiais sintéticos”, defende Luís Gil, autor do livro “Cortiça na Construção Sustentável e Energeticamente Eficiente”, apresentado ontem (dia 17) na Ordem dos Engenheiros-Região Norte, no Porto.   “Além disso tem características tão boas ou melhores que os materiais concorrentes para aplicações na construção. Tem todas as vantagens em ser aplicada. Neste momento, um dos conceitos que está mais em voga é o do ‘green building’, que aponta para a utilização de materiais que sejam energeticamente eficientes e sustentáveis, que é o caso da cortiça”, acrescenta o responsável.   O isolamento térmico é apenas um dos campos de aplicação da cortiça no setor da construção, diz o especialista, revelando que esta também é importante nos isolamentos acústicos e vibráticos: “Ou seja, tudo o que são vibrações que podem ser transmitidas e que podem ser diminuídas com a utilização da cortiça”.  

Também na área dos revestimentos, sobretudo chão e paredes, a cortiça traz muitos benefícios. “Não é só o aspeto estético que está em jogo, mas também a diminuição de transmissão de som com repercussão, algum isolamento antivibrático e uma parte de isolamento térmico que estes próprios revestimentos conferem. Além disso há um aspeto importante que é a agradabilidade ao toque que a cortiça tem. Em muitos países onde é habitual andar descalço em casa a cortiça tem uma vantagem tremenda, que é ser muito mais confortável que outros revestimentos”, conta.  

“Os arquitetos e engenheiros em Portugal têm usado este material nacional cada vez com maior intensidade, inclusivamente em aplicações inovadoras”

Segundo Luís Gil, há produtos de cortiça para a construção civil há dezenas de anos, sendo que “os arquitetos e engenheiros em Portugal têm usado este material nacional cada vez com maior intensidade, inclusivamente em aplicações inovadoras”. “Temos agora muitas construções em que a cortiça é um elemento excelente e está muitas vezes à vista. Ultimamente tem aparecido mais à vista, o que é importante do ponto de vista estético”, conta.   Quando questionado sobre os custos de usar cortiça no setor, o especialista considera que o barato pode sair caro, e explica porquê: “Os custos dos produtos de cortiça podem ser ligeiramente superiores a outros mais tradicionais, mas há um fator a ter em conta: há isolamentos térmicos que colocados em determinados produtos sintéticos daqui a dezenas de anos estarão degradados e não terão a função de isolamento térmico, ou seja, um material mais barato perde a capacidade de fazer esse isolamento térmico. No caso da cortiça houve estudos que concluíram que passados 50 anos o isolamento térmico estava como novo”.